O Outro é uma telenovela brasileira produzida e exibida pela Rede Globo no horário das 20h, de 23 de março a 10 de outubro de 1987, com 173 capítulos, substituindo Roda de Fogo e substituída por Mandala. Foi a 37ª "novela das oito" exibida pela emissora. Escrita por Aguinaldo Silva e dirigida por José de Abreu, Fred Confalonieri e Ignácio Coqueiro, tendo a direção geral ficado a cargo de Marcos Paulo, Gonzaga Blota, Ricardo Waddington e Del Rangel. A novela contou ainda com a colaboração de Ricardo Linhares e supervisão de Daniel Filho.
Produção
Para escrever
O Outro,
Aguinaldo Silva fez uso da literatura e do cinema, como o
filme épico japonês Kagemusha, de
Akira Kurosawa; o
romance O Duplo, de
Fiódor Dostoiévski; e o
filme de ficção científica estadunidense O Segundo Rosto, de
John Frankenheimer. Mas foi o
filme noir O Terceiro Homem, de
Carol Reed, a principal fonte de inspiração do autor.Aguinaldo convidou
Ricardo Linhares para a colaboração do roteiro. Ricardo escrevia capítulos inteiros da novela, não importava a história que estava no capítulo, tanto a principal quanto as paralelas. Ele escrevia para todos os núcleos. Aguinaldo e Ricardo se conheceram na primeira oficina da Casa de Criação
Janete Clair, criada em 1985 por
Dias Gomes para elaborar e selecionar roteiros para as produções teledramatúrgicas da
Rede Globo.
Aguinaldo Silva homenageava a
doutrina espírita com o personagem Denizard, que era
espírita na novela. O nome verdadeiro de
Allan Kardec, codificador dessa doutrina filosófico-religioso-científica, era
Hypolite-Léon Denizard Rivail.
Durante a produção de
O Outro, houve acusações de que a novela seria uma releitura de
Vidas Cruzadas, trama que
Ivani Ribeiro escreveu para a
Rede Excelsior em 1965 e que tinha uma história muito semelhante.
Escolha do elenco
Francisco Cuoco foi escolhido para interpretar os sósias Paulo Della Santa e Denizard de Mattos, o ator estava afastado havia três anos das novelas, desde o final de
Eu Prometo.
Para interpretar Glorinha da Abolição, a atriz
Malu Mader adotou um visual desleixado, com o cabelo meio despenteado e sem maquiagem..
Betty Faria seria Índia do Brasil, personagem que acabou ficando com
Yoná Magalhães.
A primeira cogitada para viver Laura foi
Glória Menezes e depois
Vera Fischer, ambas recusaram o papel.
Natália do Valle foi escolhida, em ascensão na época devido ao sucesso de
Cambalacho, no ano anterior. O nome da sua personagem seria Edith, depois se tornou Laura.
Cláudia Abreu foi escalada para interpretar Zezinha ainda quando participava das gravações da novela
Hipertensão e portanto apareceu simultaneamente nos primeiros capítulos de
O Outro e nos últimos capítulos da
novela das sete horas, onde sua personagem, Luzia, assassinada no início da novela, apareceu em flashbacks para o desfecho de sua trama. As então modelos
Paula Burlamaqui,
Nani Venâncio e
Gisele Fraga participaram como concorrentes de Dedé, de
Luma de Oliveira no concurso da modelo revelação de 1987, Garota do Pepino 87. Luma de Oliveira fez de sua personagem Dedé um grande sucesso. Tanto que estampou a
capa da
revista Playboy por duas vezes, quase seguidas: em setembro de
1987, durante a exibição da novela, e novamente, seis meses depois, em março de
1988. Um dos principais dubladores do Brasil, o já falecido
Cleonir dos Santos, fez uma ponta nessa novela como o porteiro Abraão.
Zilka Sallaberry chegou a ser confundida com uma cigana quando passou a integrar um grupo de ciganos, para viver a personagem Francesca.
Gravação
Algumas cenas de
O Outro foram gravadas em
Copacabana, na
Zona Sul do
Rio de Janeiro, na cidade cenográfica de
Guaratiba, na
Zona Oeste, que reproduzia ruas do bairro carioca. A novela também teve cenas gravadas na
Argentina, quando Paulo Della Santa e Glorinha da Abolição fazem uma viagem romântica.
O diretor da novela,
Ricardo Waddington, também participou da trama como um jovem esquiador que paquera Glorinha, deixando Paulo com ciúmes.
Ainda nos capítulos iniciais da trama,
Marcos Paulo foi substituído por
Gonzaga Blota na direção de
O Outro.O então diretor de núcleo do
horário das 20 horas, Paulo Afonso Grisolli, não gostou das cenas gravadas pelo diretor Marcos Paulo, alegando falta de qualidade técnica e figurinos inadequados.
Era comentário nos bastidores da novela que a má qualidade das cenas devia-se a má vontade da produção com Marcos Paulo, que na época alegou cansaço para sua saída.
Porém, um mês depois, ele entrava para o elenco de
Brega & Chique, como ator. Aguinaldo Silva chegou a criar um personagem especialmente para Marcos Paulo, mas que acabou sendo recusado por ele. O personagem, Gabriel, foi vivido por
Herson Capri. Com a saída do diretor, as gravações foram suspensas. O próprio Paulo Afonso chegou a dirigir algumas cenas.O novo diretor escolhido por Paulo foi
Gonzaga Blota, que refez todas as cenas.
José Lewgoy também desentendeu-se com a produção da trama e acabou sendo afastado definitivamente pelo autor. Em consequência disso, seu personagem, o simpático Agostinho, morreu.
Logo no início das gravações, há uma cena em que Paulo Della Santa sonha estar enforcando um homem idêntico a ele. Para colocar o ator Francisco Cuoco contracenando com ele mesmo, foi cogitada o uso de uma máscara de borracha, feita a partir do rosto do ator, que seria vestida por algum figurante. a produção contratou uma equipe de
São Paulo especializada em
máscaras mortuárias que faria uma cabeça de acrílico com as feições de Francisco Cuoco, a partir de um molde de gesso colocado sobre o rosto do ator, porém o gesso ficou preso ao rosto do ator, pois havia se secado e também por causa da barba do ator que ficou presa ao gesso. Chegaram a sugerir até mesmo que fosse chamado um especialista do
IML. Durante cinco horas, Francisco Cuoco ficou respirando por um canudinho no nariz, a máscara foi retirada com o auxílio de martelo e talhadeira. Segundo o ator, que se recorda da história com muito humor, sua barba, até hoje, tem falhas devido ao episódio. A cena do encontro dos personagens acabou sendo gravada de outro forma, primeiro gravou-se Cuoco vestido como Paulo, depois, como Denizard. A edição encarregou-se da montagem.
Francisco Cuoco contou com o auxílio de um dublê nos primeiros capítulos, Victor Lopes. Os dois sósias moravam no mesmo local, a
avenida Atlântica, mas nunca haviam se encontrado.
Enredo
A trama se desenrola entre os diferentes mundos de dois homens idênticos fisicamente. O empresário milionário Paulo Della Santa é um homem atormentado com a família e os negócios em crise. A esposa, Laura, luta para manter o casamento, apesar da torcida contra de Marília e Pedro Ernesto, filhos de Paulo.
O negociante Denizard de Mattos, dono de um ferro-velho, é uma figura simples, do povo. Viúvo, pai da adolescente Zezinha, ele mantém um caso amoroso com a esfuziante Índia do Brasil, sua secretária.
Paulo vive sem saber que tem um
sósia, Denizard de Mattos, e, por acaso, ambos se encontram no banheiro de um posto de gasolina, momentos antes de o lugar explodir e incendiar-se. Resgatado no lugar de Paulo e confundido com ele, Denizard acaba por tomar o lugar do empresário e, mesmo depois que seu segredo é descoberto, a farsa é mantida por interesse dos adversários que desejavam tomar o poder de seu sósia. Entretanto, aproveitando-se da troca de identidade, Paulo decide lutar para retornar e retomar seu lugar de direito.
Paulo, desaparecido, é dado como morto, e Denizard, com amnésia, ocupa o seu lugar ante a família e os negócios, sem que ninguém desconfie de sua verdadeira identidade. De um lado está a família de Denizard, preocupada com o seu sumiço; do outro, está a família de Paulo, tentando reintegrar um homem sem memória ao convívio de todos.
Mas a troca de identidade dos sósias não é segredo para a
hippie Glorinha da Abolição, uma jovem à procura do pai e de suas origens, e que já foi apaixonada por Paulo Della SPrestes
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